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“Crise levou à procura pelo negócio próprio”, diz Wilson Simonato, diretor da SCS

Este 2017 termina sem deixar muita saudade. Aliás, segue a tendência dos últimos três anos, principalmente para o setor empresarial. As dificuldades agora fizeram com que muita gente que perdeu o emprego procurasse abrir seu negócio próprio, iniciando o chamado ‘empreendedorismo de necessidade’.
Mesmo com algumas previsões otimistas para o próximo período, o mercado permanece em sobreaviso.
O relatório Focus divulgado recentemente, prevê que o PIB brasileiro apresentará crescimento de 0,96% agora em 2017 e até 2,64% em 2018, o que seria a terceira alta seguida de elevação na previsão deste ano. Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, presidenciável e otimista nas horas vagas, prevê um crescimento de 1,1% e 3%, respectivamente.
A Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) anunciou esta semana que as economias dos países latino-americanos e caribenhos devem ter crescimento médio de 2,2% em 2018. Essa elevação seria estimulada principalmente pelo consumo e investimento doméstico. O Brasil, segundo o mesmo Cepal, deve registrar um crescimento econômico na casa de 2%, um avanço na comparação com o 0,9% deste 2017.
No entanto, apesar de todos esses cenários supostamente positivos, o setor empresarial recebe com ressalvas todas essas notícias. “Em 2017 sentimos uma leve recuperação, mas muito aquém da necessária, principalmente porque este foi um ano de esperas, com reformas importantes ficando pelo caminho, em detrimento dos grandes esforços do governo em salvar a própria pele”, afirma Wilson Simonato, diretor da SCS Contábil. Ele se refere principalmente às reformas tributária e da previdência, que acabaram não sendo votadas por conta dos malabarismos do governo Temer para fugir das investigações de corrupção que se abatem sobre a cabeça.
Para o diretor da SCS, o setor de serviços talvez seja o que mais tem tido dificuldade para se recuperar diante da crise. Leia entrevista que ele concedeu ao nosso portal.
Portal SCS – Foi possível voltar a respirar em 2017?
W.Simonato – Estamos vivendo um período muito difícil desde 2014 e podemos dizer que este foi novamente um ano muito instável para todos os principais setores da economia. No entanto, já podemos ver alguma luz no fim do túnel.
Portal SCS – O que mais pesou neste ano para o setor empresarial?
W.Simonato – Continuamos a ter muita demissão de funcionários, reduções drásticas no tamanho e na capacidade de produção das indústrias e até mesmo fechamento de muitas empresas. Sentimos que setores que até quatro, cinco anos atrás se mostravam em grande ascensão, não seguiram a tendência e hoje amargam grandes prejuízos.
Portal SCS – Na sua opinião, e na experiência da SCS Contábil, que setores mais sofreram?
W.Simonato - Percebemos que a indústria sofreu primeiro os efeitos da grande crise que começou no final de 2014, depois veio o comércio. Com o cenário industrial voltando a respirar a partir do terceiro trimestre deste ano, o que vemos agora é o setor de serviços sofrendo muito e com pouca expectativa de melhora a curto prazo.
Portal SCS – O desemprego continua sendo um fantasma para o brasileiro ?
 
W. Simonato – Certamente que sim. E as perspectivas não são das melhores. O Brasil acumulou um contingente de pelo menos 13 milhões de desempregados, segundo os dados do governo. Mas esse número pode ser até maior, porque hoje contabiliza apenas o trabalhador formal que perdeu o vínculo. Não estamos contando aquele que já não tinha carteira e também foi pra rua, ou os que simplesmente desistiram de procurar emprego. Em 2018 deve haver uma leve recuperação dos postos de trabalho, mas levaremos muitos anos para voltar a patamares aceitáveis.
Portal SCS - Muito tem se falado no chamado ‘empreendedorismo de necessidade”. O que é isso?
W. Simonato -  A grande massa de desempregados voltou-se para montar seu próprio negócio, uma forma de sobrevivência. Muitos se tornaram MEIs, os microempreendedores individuais. Outros, com alguma condição melhor, viraram empresários. Para nosso escritório foi bom, porque tivemos um aumento de clientes, de novas empresas. No entanto, podemos dizer que o perfil desse grupo é diferente, porque muitos vieram por conta da falta de opção e não apenas com o espírito empreendedor. Mas, torcemos a poiamos todas as iniciativas.
Portal SCS – Há algum setor que tenha se destacado, apesar da crise?
W. Simonato – Sentimos uma demanda crescente que ocorreu na área de marketing digital, com empresas aparecendo nesse ramo, diversificando a oferta de serviços para os clientes e usando a tecnologia para facilitar a vida das pessoas. Esse é um setor que tem crescido já há alguns anos, com resultados otimistas. Nós mesmos, na SCS, investimos bastante em mídias digitais em 2017, com a implantação de nosso portal Empreenda Fácil (empreendafacil.com.br) onde é possível encontrar informações valiosas sobre como iniciar um bom negócio. Ampliamos também o site da empresa, agora com notícias diárias e exclusivas e também demos um upgrade nas redes sociais da SCS. E podemos dizer que estamos planejando mais ações em 2018. Neste último trimestre percebemos um aumento nos pedidos de orçamento de planejamento de negócios para o ano que vem, com muitos pedidos para constituição de novas empresas.
Portal SCS – Você acha que o governo tem se esforçado para tentar reverter essa situação difícil?
W. Simonato – Tem se esforçado pouco. Apesar de alguns índices apontarem para uma leve melhora, acredito que poderíamos estar vivendo um cenário mais brando. O governo perdeu muito de seu crédito tentando salvar a própria pele das investigações de corrupção. Com isso perdeu também o controle da agenda positiva, ficando sem credibilidade e confiança junto ao empresariado e deixando de encaminhar pautas importantes, como as reformas da previdência e tributária. No entanto, para não ficarmos só na negatividade, comemoramos o chamado “refis da crise”, reaberto em outubro passado e o maior prazo de parcelamento das dívidas do Simples, que passou na Câmara e agora aguarda aval do Senado. Isso foi bom para o nosso setor. Não posso deixar de citar também a Lei da Terceirização e a Reforma Trabalhista, aprovadas este ano. Sabemos que houve muita crítica por parte dos sindicatos, mas precisamos ter uma visão menos panfletária da situação. A meta do país hoje é proteger e garantir o emprego e a renda do trabalhador. Não adianta nada termos uma legislação antiga que, supostamente, protege o empregado, mas que hoje dificulta seu acesso ao mercado. Não existe produção ou crescimento sem a mão-de-obra, sem o funcionário, que continuará sendo o maior patrimônio de uma empresa.
Portal SCS – O que esperar para 2018?
W. Simonato – Sou otimista, como a maioria dos empresários brasileiros, até porque é o que nos resta. Minha expectativa é de que, a partir do segundo trimestre de 2018, tenhamos alguma melhoria. Precisamos ganhar fôlego nesse início de ano, já que temos Copa e eleições vindo por aí. E isso tradicionalmente serve de freio para a economia. Talvez após a definição do cenário eleitoral e dependendo do que sair das urnas, quem sabe tenhamos uma melhora, a tão esperada luz no fim do túnel. 
 
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